Barco com corpos encontrado no Pará tinha espaço para motor de pequeno porte, diz Marinha


Marinha apura se ela já teria saído do local origem sem motores, leme ou outros sistemas de condução ou se pode ter perdido no caminho da África ao Brasil. Barco foi encontrado à deriva no Pará com corpos no fundo da embarcação em estado de decomposição
Reprodução
A embarcação encontrada com corpos no litoral do Pará tinha espaço para um motor de pequeno porte, segundo o capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Ewerton Calfa. A perícia apontou que o barco foi construído de forma artesanal, encontrado sem motor, leme ou sistema de direção.
“Essa embarcação tem uma base onde poderia ter sido instalado um motor de pequeno porte, mas a gente não consegue afirmar se ao início da viagem o barco estava com o motor ou não. Não sabemos se esse motor por algum motivo desconhecido pode ter caído ou ter sido retirado da embarcação” destacou.
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A embarcação avistada por pescadores no último sábado (13) à deriva na Ilha de Canelas, próximo à cidade de Bragança, foi transportada para a capital paraense na última quarta-feira (17) onde está sob custódia da Marinha do Brasil para uma perícia minuciosa.
Barco com corpos: papiloscopistas do Núcleo de Identificação da PF trabalham na análise das vítimas e embarcação
PF/Divulgação
Ainda na região onde foi encontrada, a embarcação de 13 metros passou por análise inicial da Marinha e de papiloscopistas da Polícia Federal (PF).
Dentro dele, estavam oito dos nove corpos encontrados pelos agentes após o resgate da embarcação. Um estava na água próximo ao local onde foi achado por pescadores.
“Em principio não existe nenhum sinal de dano a integridade do casco ou algo que possa sugerir que ela tenha perdido a flutuabilidade. Nada que indique naufrágio”, afirmou o capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Ewerton Calfa.
Dentro do barco
Peritos da Polícia Federal (PF) encontraram 27 celulares dentro da embarcação. Os aparelhos coletados em Belém foram encaminhados para exames periciais no Instituto Nacional de Criminalística em Brasília (DF).
Agentes durante a perícia nesta quarta-feira (18), em Belém.
PF
As possíveis informações extraídas dos celulares, dos chips e cartões de memória, em conjunto com ações de cooperação internacional, serão utilizadas para trazer indicativos sobre a identidade dos ocupantes da embarcação.
Além disso, documentos encontrados na embarcação apontam que a possível origem das vítimas era Mali e Mauritânia, países do oeste da África. Outras 25 capas de chuva no transporte também foram achadas no veículo, levantando a suspeita de que ao menos 25 pessoas estavam no barco.
Corpos das vítimas
Os 9 corpos encontrados dentro da embarcação passaram por protocolos internacionais de Identificação de Vítimas de Desastres (DVI).
De acordo com a PF, os exames envolveram mais de 30 pessoas em trabalho multidisciplinar e seguiram a sequência:
exame radiológico;
exame de vestes, pertences, documentos e adereços;
exame médico-legal, com coleta de material para exames de DNA e de isótopos estáveis;
exame odontolegal;
exame necropapiloscópico
e estação de verificação de documentos e controle de qualidade.
Pescadores registraram corpos dentro de barco.
Reprodução / TV Liberal
Sepultamento e identificação dos corpos
A PF afirmou que os nove corpos serão temporariamente sepultados em Belém, até que as identidades sejam estabelecidas e as famílias das vítimas possam ser formalmente comunicadas, por meio dos devidos canais de cooperação policial e jurídica internacionais. Questionada, a PF não informou previsão, nem detalhes sobre o sepultamento temporário.
Os dados colhidos durante os exames realizados nas vítimas foram enviados para continuar o processo de identificação em Brasília (DF), pelo Instituto Nacional de Criminalística e Instituto Nacional de Identificação da PF, com apoio da Interpol e organismos internacionais, segundo a Polícia Federal.
Não foi possível estimar o prazo para identificação dos nove corpos, porque, segundo a corporação, não existem dados técnicos estruturados acerca dos milhares de desaparecidos, vindos de países africanos, durante migrações.
Infográfico: veja onde barco com corpos foi encontrado no Pará
G1
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