Saiba porque bebês de 15 meses são maior parcela de atraso no esquema vacinal em Campinas


Segundo a Secretaria de Saúde, maior problema ocorre nessa faixa etária por fatores históricos e falta de algumas doses. Em parceria com a Unicamp, equipes realizam busca ativa para acabar com defesagem. Vacina contra catapora
Paulo Chiari/EPTV
Em parceria com a Unicamp, Campinas ampliou o trabalho de busca ativa de pais e responsáveis por 35 mil crianças com idade entre 0 e 5 anos que apresentam atraso na aplicação de alguma dose do calendário vacinal. Ao g1, a Secretaria de Saúde informou que a maior parcela dessa defasagem ocorre em bebês na faixa de 15 meses. Mas o que explica isso?
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Entre os fatores que favorecem esse cenário está um histórico problema de “quebra na rotina”, em que após uma intensidade na aplicação dos imunizantes até o 1º ano de vida, pais ou responsáveis podem entender que o esquema básico está completo e não se atentam para a importância de seguir o calendário – confira o esquema previsto pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Doses previstas aos 15 meses
Vacina adsorvida Difteria, Tétano e pertussis (DTP) (1º reforço)
Doenças evitadas: Difteria, Tétano, Coqueluche

Vacina poliomielite 1 e 3 (atenuada) – (VOPb) (1º reforço)
Doenças evitadas: Poliomielite

Vacina adsorvida Hepatite A (HA – inativada) (1 dose)
Doenças evitadas: Hepatite A

Vacina Tetra viral (1 dose)
Doenças evitadas: Sarampo, Caxumba, Rubéola e varicela
Além disso, desde o último ano, outro elemento entrou nessa equação, ampliando o problema: a falta de doses contra hepatite A e principalmente a varicela (catapora), aplicadas nessa faixa etária.
Campinas chegou a restringir aplicações do imunizantee contra a catapora somente para crianças que não tinham nenhuma dose, e no início deste ano os postos de saúde chegaram a fazer uma “lista de espera”.
“A maior defesagem é nessa faixa dos 15 meses, exatamente no período de primeiros reforços, após um período em que os pais frequentam quase que mensalmente as salas de vacinação, tem esse intervalo dos 12 para os 15 meses, e historicamente, quanto mais espaçados os retornos, mais tem essa dificuldade de adesão. Muitos entendem que o esquema básico foi completo e não há necessidade de seguir”, avalia Chaúla Vizelli, coordenadora do Programa de Imunização em Campinas.
A profissional, no entanto, destaca que desde o último ano a falta de doses enviadas pelo Ministério da Saúde, com o problema na cadeia de distribuição do imunizante contra a varicela, impactou ainda mais o cenário, já que muitos pais procuravam mais de uma vez os postos, e com a negativa, deixaram de retornar.
“Tem esse problema, e grande parte dessas crianças com esquema incompleto, é por conta dessa situação. Vacinas contra a varicela e a hepatite A estavam em falta, e isso impactou muito. Mas agora é um momento oportuno, e pedimos que a população procure as doses”, destaca.
Chaúla pontua que apesar de a distribuição ainda não ter se normalizado completamente e o quantitativo não ser o adequado, atualmente as doses estão disponíveis nos postos de saúde da cidade, e podem atender às crianças com déficti no esquema vacinal.
Ao g1, o Ministério da Saúde confirmou que o laboratório responsável pela produção da vacina contra a varicela tem enfrentado problemas técnicos que afetaram a regularidade da distribuição, mas que isso “será totalmente restabelecido no 2º semestre de 2024”.
“Para sanar essa questão, o Ministério da Saúde está fazendo aquisições emergenciais com outros fornecedores nacionais e internacionais. Ainda assim, a capacidade de fabricação e de entrega dos laboratórios não atende a necessidade integral do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Dessa forma, o estoque estratégico disponível está sendo distribuído de forma restrita para atender a rotina enquanto não houver reestabelecimento do fornecimento total”, informou, em nota.
Criança recebe dose de vacina contra pólio, em Campinas
Eduardo Lopes/PMC
Parceria com a Unicamp
A Secretaria de Saúde de Campinas e a Unicamp firmaram uma parceria para atualizar o esquema vacinal de 35 mil crianças entre 0 e 5 anos que apresentam atraso na aplicação de alguma dose do calendário vacinal. Esse montante representa 40% do total de crianças desta faixa etária na metrópole.
Equipes do departamento de pediatria da Unicamp estão auxiliando no trabalho de busca ativa, fazendo o contato com pais ou responsáveis para convocá-los para a vacinação das crianças.
Em paralelo, os estudantes da Unicamp irão analisar os motivos pelos quais as crianças deixaram de receber as doses no momento em que elas deveriam ser aplicadas.
“Trata-se de mais uma estratégia que visa resgatar crianças que possam estar sem as vacinas adequadas para a faixa etária e, dessa forma, suscetíveis a doenças que poderiam ser evitadas”, destaca Chaúla.
A busca ativa já é desenvolvida pelas equipes de todos os centros de saúde, mas que o envolvimento das equipes da Unicamp irá, na avaliação da coordenadora, “contribuir para o avanço nos contatos com os responsáveis.”
Segundo a prefeitura, o início da mobilização ocorre pela região do Centro de Saúde (CS) Taquaral, mas a expectativa é que todas as áreas da cidade sejam contempladas. Moradores em dúvidas sobre a ligação das equipes podem acionar o 156 para esclarecimentos.
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