Racismo sistêmico e desigualdades de gênero são os principais gatilhos para violações de direitos humanos no Brasil, diz Anistia Internacional


Documento diz que racismo e machismo também são elementos que impedem o acesso a alimentação, habitação e ao trabalho dignos. Ele expõe o fato de que as mulheres negras estão situadas no nivel mais baixo da piramide social. Anistia Internacional divulga relatório sobre direitos humanos no mundo e cita casos de violência no RJ
Racismo sistêmico e as desigualdades relacionadas ao gênero são dois fatores apontados pela Anistia Internacional como os principais gatilhos para violações dos direitos humanos no Brasil.
A concluão está em no relatório “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo”, preparado pela organização que traz informações de 155 países – 4 páginas são dedicadas ao Brasil. O relatório começa destacando o número de denúncias. Até dezembro, foram mais de 3,4 milhões de denúncias de violações aos direitos humanos no Brasil.
O relatório diz que racismo e machismo também são elementos que impedem o acesso a alimentação, habitação e ao trabalho dignos. Ele expõe o fato de que as mulheres negras estão situadas no nivel mais baixo da piramide social.
Entre os lares chefiados por mulheres negras, 22% passavam fome e 63% estavam abaixo da linha da pobreza no ano passado.
Detalhe do relatório “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo”, da Anistia Internacional
Reprodução/GloboNews
O racismo também é fator preponderante nas violações do direito a educação, de acordo com a Anistia. Dos mais de 2 milhões de crianças e adolescentes que estavam afastados da escola em 2023, mais de 60% eram crianças e adolescente negros.
O racismo aparece como uma das justificativas para este afastamento: 6% desses estudantes alegam ter abandonado a escola por causa do preconceito de raça e 48% são crianças e adolescentes que dizem precisar trabalhar para ajudar a renda em casa, por isso deixam de frequentar as aulas.
Outros 30% dizem ter dificuldade no aprendizado, o que expõe também a deficiência do ensino brasileiro de reter esses estudantes e 14% são meninas que viram mães e por isso, abandonam a escola.
O documento também destaca o “uso ilegal da força no Brasil” que afeta as pessoas pretas e periféricas de maneira desproporcional.
Segundo o relatório, em apenas três meses, mais de 390 pessoas foram mortas em operações policiais no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.
Sobre o Rio, o relatório também cita a morte de crianças e adolescentes. Um dos casos mencionados é a morte de Thiago Flausino, de 13 anos. O adolescente foi baleado durante uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Ele estava na garupa de uma moto, quando foi alvo dos disparos. O menor não tinha ficha criminal.
Outro caso citado é o de Eloáh Passos, de 5 anos, que morreu durante uma troca de tiros no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Ela estava dentro de casa.
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