Mergulhador desaparecido em usina dizia que conversava com Deus embaixo d’água: ‘falou que ia morrer trabalhando’


Francisco Rodrigues dos Santos, de 69 anos, morava em Guarujá, no litoral de São Paulo. Ao g1, a sobrinha contou que, caso o corpo seja encontrado, a família fará uma despedida a ele na cidade. Francisco Rodrigues dos Santos era mergulhador apaixonado pela profissão e desapareceu em Goiás
Arquivo Pessoal e Divulgação/Corpo de Bombeiros de Goiás
Francisco Rodrigues dos Santos, o mergulhador que desapareceu em uma usina na cidade de Rio Verde, na região sudoeste de Goiás, morava em Guarujá, no litoral de São Paulo. A sobrinha dele contou ao g1, nesta quinta-feira (18), que a família tenta unir forças para aceitar a partida do homem, que amava a profissão e viajava a trabalho com frequência.
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O mergulhador, de 69 anos, desapareceu na tarde de quinta-feira (11), quando realizava serviços especializados nas profundezas do represado da usina. O Corpo de Bombeiros foi chamado para o resgate, mas precisou de mergulhadores de Goiânia para reforçar as buscas. Apesar disso, o corpo não foi resgatado e, no sábado (13), as buscas foram encerradas “em razão da complexidade da situação e o alto risco inerente à atividade subaquática no local”.
“Com uma semana embaixo d’água, com o movimento d’água, a gente tem que ser sensata de que, na verdade, nesse momento nem deve ter mais um corpo, devem ser os restos mortais dele”, lamentou a sobrinha Viviane Rodrigues, de 48 anos.
Ela contou ao g1 que a família presta homenagens a Francisco por meio de celebrações religiosas, pois crê que as equipes de resgate e da empresa em que ele trabalhava atuaram da melhor forma possível para encontrá-lo.
“Fizeram tudo o que podiam. Ele realmente está preso num setor muito difícil, onde tem comportas, o turbilhonamento da água é muito forte. […] A maior forma de mostrar amor por uma pessoa é orando por ela. É o que nos resta a fazer “, disse Viviane.
De acordo com a funcionária pública, Francisco era aposentado, mas amava mergulhar. Ele chegou a contar para a família situações perigosas que já passou embaixo d’água em mais de 20 anos de experiência, mas nunca deixou a profissão.
“Meu tio sempre disse que lá embaixo ficava conversando com Deus […]. Ele sempre falou, a vida toda, que ia morrer trabalhando. A profissão no mergulho era a grande paixão da vida dele”.
Bombeiros fizeram busca de mergulhador que desapareceu em usina em Rio Verde, Goiás
Divulgação/Corpo de Bombeiros de Goiás
Fatalidade
Viviane contou que o dono da empresa pela qual Francisco era contratado entrou em contato com a família para relatar o que tinha acontecido. Ele disse que sentiu um tranco e ouviu um barulho diferente quando o mergulhador desceu na represa.
“Começaram a chamar por ele [Francisco] e aí ele já não respondeu mais. […] Parece que foi a força da pressão da água que jogou ele contra algo que não se sabe o que, uma parede, algum lugar. Por isso que está preso, mas tudo indica que foi a pressão da água”, afirmou.
De acordo com ela, apesar do fim das buscas, o Corpo de Bombeiros segue monitorando a represa da usina para ver se há algum sinal ou se o corpo boia. “Acreditamos que foi realmente uma fatalidade”, disse Viviane.
A funcionária pública contou que perdeu a mãe dela, que era irmã do desaparecido, há pouco tempo. Por isso, ela tenta se manter forte para ajudar a avó, que é idosa e perdeu dois filhos em um curto espaço de tempo.
Viviane disse ainda que a família pretende sepultar o tio em Guarujá caso o corpo seja localizado, pois todos familiares vivem na cidade.
Francisco Rodrigues dos Santos tinha 69 anos e morava em Guarujá (SP)
Arquivo Pessoal
Personalidade
Ao g1, a mulher revelou que o tio também era padrinho de batismo dela e sempre foi uma pessoa carinhosa, humana, prestativa, gentil, persistente e amorosa. “Mesmo com as falhas dele, sempre colaborou, ajudou todo mundo”, descreveu Viviane.
Segundo ela, a vida de Franscisco não foi fácil, pois ele se envolveu com vícios na bebida alcóolica e em drogas. No entanto, o homem nunca desistiu de ser a melhor versão a cada dia. “Passou a frequentar a igreja, voltou a trabalhar, voltou ao convívio social e se recuperou plenamente, graças a Deus”, afirmou.
“Deus faz as coisas no tempo dele, no momento que ele achar viável, necessário. Nós somos cristãos e tem coisas que para nós, só resta aceitar”, finalizou.
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