Jogos Olímpicos de Paris 2024: faltam 100 dias e promessas não cumpridas

Faltam 100 dias para os Jogos Olímpicos Paris 2024. No entanto, nem tudo está dentro do planejado pela organização e pela administração pública da capital francesa.

A video announcing the Paris 2024 Olympics Game is seen during the closing ceremony of the Tokyo 2020 Olympic Games, at the Olympic Stadium, in Tokyo, on August 8, 2021. (Photo by Pedro PARDO / AFP) – Foto: Pedro PARDO / AFP

A Olimpíada está marcada para começar no dia 26 de julho, sexta-feira, com encerramento em 11 de agosto, domingo, em Paris.

Até o momento, o Brasil tem 185 atletas classificados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. A surfista Tainá Hinckel e atiradora Geovana Meyer estão entre os garantidas.

O que falta nos Jogos Olímpicos de Paris 2024

Jogos populares?

O preço dos ingressos, considerado por muitos altíssimo, não se ajusta aos Jogos populares prometidos, apesar de os organizadores defenderem que o custo dos bilhetes é similar aos de Londres-2012.

Outro aspecto que põe em dúvida a popularidade do evento diz respeito à inédita cerimônia inaugural, prevista para ocorrer às margens do rio Sena, sobretudo quanto à quantidade de espectadores que poderão assisti-la ao vivo.

Se a Prefeitura de Paris queria em um primeiro momento o maior público possível, foi anunciado que poderão assistir à cerimônia 600 mil pessoas, das quais apenas 100 mil o fariam com entradas pagas.

No entanto, à medida que a data foi se aproximando e por motivos de segurança, o número foi reduzido a 222 mil pessoas, mantendo as 100 mil entradas pagas.

E a filosofia também mudou. Se a princípio pensou-se em que os espectadores que quisessem assistir se inscrevessem em uma espécie de sorteio em uma plataforma, agora todos os assistentes serão convidados diretamente pelas administrações públicas e pelo comitê organizador.

Paris vai sediar os Jogos Olímpicos a partir de julho – Foto: Alexander Kagan/Unsplash/ND

Dinheiro público nos Jogos Olímpicos

Ao contrário da ideia disseminada na opinião pública, boa parte de dinheiro privado financiará os Jogos.

No entanto, tampouco se cumprirá o slogan usado pelo governo francês durante meses de “Os Jogos financiam os Jogos”.

As diferentes administrações públicas francesas já investiram mais de 2,4 bilhões de euros (cerca de R$ 13 bilhões) em infraestruturas, trabalho urbano, mas também no laboratório antidoping, por exemplo.

“Não haverá imposto-Jogos”, reitera o presidente Emmanuel Macron, apesar de que muitos gastos das Olimpíadas sairão dos cofres públicos.

O presidente do Tribunal de Contas, Pierre Moscovici, estimou recentemente que o investimento público final estará entre “3 e 5 bilhões de euros” (entre R$ 16 bilhões e R$ 27 bilhões). A resposta virá após o evento.

O presidente da França, Emmanuel Macron Foto: LUDOVIC MARIN/AFP/ND

Do metrô grátis ao bilhete a mais de R$ 20

Embora o relatório de candidatura anunciasse que “todos os detentores de ingressos poderão viajar grátis no conjunto do transporte público da região parisiense no dia da competição”, este não será o caso afinal.

Em dezembro de 2022, as autoridades mudaram de opinião para buscar receita adicional após uma revisão orçamentária.

Vários meses depois, a operadora do transporte público da região parisiense anunciou preços especiais durante os Jogos: 4 euros (cerca de R$ 22) o bilhete simples do metrô. Um aumento de quase o dobro em relação aos preços atuais.

Uma piscina olímpica sem natação

Uma das poucas instalações esportivas construídas especialmente para os Jogos é o Centro Aquático Olímpico (CAO), localizado em Saint Denis, junto ao Stade de France.

No entanto, neste novíssimo complexo não serão, por fim, disputadas as provas de natação, já que, por motivos orçamentários, o público foi reduzido a 5 mil espectadores, um terço do exigido pela federação internacional (World Aquatics) para celebrar uma competição internacional de natação.

Assim, no CAO serão disputadas as provas de polo aquático, nado sincronizado e saltos, enquanto as estrelas da piscina terão que ir até o outro lado da capital, para o La Défense Arena, que abrigará as provas de um dos principais esportes dos Jogos, juntamente com o atletismo.

Jogos Olímpicos têm novo centro de natação

Centro Aquático Olímpico é uma das novas instalações construídas especialmente para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos – Foto: VenhoevenCS Ateliers 234 Salem Mostefaoui/ND

Impacto ambiental, de positivo a neutro

A princípio, anunciou-se que o impacto ambiental dos Jogos seria “positivo”, com a ideia de compensar as emissões de CO2, mas o projeto foi descartado posteriormente.

Vários especialistas já tinham criticado, inclusive, a ideia inicial, por transmitir a ideia enganosa de que o evento não teria impacto ambiental.

Agora, a organização tem como meta reduzir à metade as emissões de CO2, calculadas da seguinte maneira: um terço está relacionado com o transporte; outro terço, com a construção de infraestruturas, e o terço restante, com as atividades diretamente vinculadas aos Jogos (alojamento, segurança, alimentação, etc).

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