Ex-PM do Bope, preso por envolvimento com a milícia, é investigado por treinar traficantes para invasões


Solto em 2022, Ronny Pessanha de Oliveira, de 33 anos, voltou a ser preso na terça-feira (26) supostamente por fazer uma falsa blitz na Estrada do Itanhangá. Ele foi expulso da corporação em setembro de 2023. Ronny Pessanha quando ainda estava no Bope
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Preso por envolvimento com a milícia de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste do Rio, e expulso da Polícia Militar no ano passado, o ex-cabo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Ronny Pessanha de Oliveira, de 33 anos, é suspeito de treinar milicianos e traficantes do Comando Vermelho (CV). O caso é investigado pela Polícia Civil.
Solto em 2022, o ex-caveira voltou a ser preso nesta terça-feira (26) supostamente por fazer uma falsa blitz na Estrada do Itanhangá, durante uma abordagem do 31º BPM (Recreio).
Antes apontado como miliciano, hoje o ex-PM é suspeito de mudar de lado e se aliar a traficantes que invadiram a Muzema. Segundo o policial militar responsável pela prisão, Pessanha passou a dar treinamento para traficantes do CV, com o objetivo de auxiliar a facção na invasão de territórios da milícia e de outras facções rivais.
Na 16ª DP (Barra), o agente afirmou à polícia ter informações de que o ex-Bope não estaria mais ligado à milícia e que estaria treinando traficantes.
Em 2021, Caveira ou Neguiho do Bope, como é conhecido, foi denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por cobrar taxas de construtores na favela. Ele foi preso em dezembro de 2020 e ficou detido por mais de 1 ano.
Ronny Pessanha e PMs do Bope durante uma operação
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Dessa vez, apesar de ter sido preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, o ex-caveira pagou R$ 8 mil de fiança e foi liberado. Na delegacia, ele se recusou a prestar depoimento. Ele vai responder em liberdade.
A arma foi encontrada dentro do carro dele, uma Mercedes Benz, avaliada em aproximadamente R$ 220 mil. Os PMs também encontraram munição e uma identidade falsa de policial militar.
Além da 16ª DP (Barra), o ex-PM também é investigado pela Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-EI) e Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) por outros crimes.
Aliado de Taillon
Segundo o MPRJ, Pessanha era aliado de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, um dos chefes da milícia de Rio das Pedras.
Os promotores sustentam que Ronny se valia da amizade com o miliciano para organizar eventos, como shows e festas na favela.
Taillon é o miliciano que foi confundido com um dos médicos que foram atacados e mortos por traficantes na Barra da Tijuca, em outubro de 2023. O miliciano foi preso pela Polícia Federal (PF) em novembro do ano passado.
Extorsão e ameaça de morte
O MPRJ disse também que, um construtor afirmou que, em 2015, foi abordado por Pessanha no local onde estava sendo construído um prédio, em Rio das Pedras.
Ronny Pessanha é investigado em várias delegacias por envolvimento com a milícia
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O construtor relatou ter sido vítima de extorsão. Segundo ele, o policial saiu de um carro apontando um fuzil em sua direção e exigiu que ele pagasse R$ 50 mil para liberar a obra.
O homem contou ainda que foi ameaçado e que, se o pagamento não fosse feito, ele e a família seriam mortos. A extorsão foi comprovada por transferências feitas para a conta do então PM.
O nome de Ronny também apareceu em uma conversa encontrada no celular de um miliciano. O homem, na ocasião, questionava um comparsa se Ronny havia pedido autorização do chefe da milícia para fazer um show em Rio das Pedras, que estava sendo divulgado em redes sociais.
“Vai ver ele tá fazendo alguma coisa porque é amigo do Taillon”, respondeu um dos milicianos.
Pessanha foi lotado no 9º BPM (Rocha Miranda), no Batalhão de Operações Especial (Bope) e também no 41º BPM (Irajá), até ser expulso da corporação em setembro de 2023. De acordo com o MPRJ, ele comandava a segurança de milianos da Zona Oeste.
Ele também é apontado como o dono de um dos prédios demolidos durante uma operação conjunta do MPRJ com a prefeitura na Muzema, em 2021.
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