Bailarina que morreu atropelada por moto aquática estava na garupa de piloto sem habilitação: ‘criou toda a situação’, diz pai


Juliana Nasser, de 27 anos, estava acompanhada de um homem, de 30, e sem carta para pilotar o veículo. Pai da vítima acredita que o piloto tem responsabilidade na morte. Juliana Carvalho Nasser era bailarina profissional e morava em São Paulo (SP)
Reprodução/Facebook
A família de Juliana Carvalho Nasser, a bailarina que morreu em um acidente entre motos aquáticas em Guarujá, no litoral de São Paulo, deseja Justiça. Ouvido pelo g1, o pai da vítima afirmou que o condutor da moto em que a filha estava na garupa também deve ser responsabilizado, assim como a amiga dela, que foi indiciada: ‘[Ele] criou toda essa situação’, disse.
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Juliana estava com a amiga e mais três homens no passeio que a levou à morte, no dia 10 de março. De acordo com a Marinha do Brasil, o acidente aconteceu na altura do Canal de Bertioga, que cruza Guarujá. Ela foi socorrida ao Hospital Santo Amaro (HSA), também na cidade, mas não resistiu aos ferimentos.
“A menina tinha um futuro brilhante. Era uma moça muito ativa, muito assim… com vontade de viver. Então, a gente fica muito triste com tudo isso”, desabafou o empresário Olavo Nasser, de 64 anos.
Segundo o inquérito policial, obtido pelo g1, o homem em questão foi quem alugou a moto onde as duas amigas passearam na tarde do acidente. Assim como a condutora indiciada, ele não tinha licença para pilotar veículos do tipo.
Quando a amiga fez manobras perigosas e bateu na moto onde o homem e Juliana estavam, ele machucou a perna e ela ficou com a cabeça submersa. O piloto buscou atendimento médico, voltou para a cidade de origem, São Caetano do Sul (SP), e se apresentou à Polícia Civil de Guarujá dias depois.
Homem alugou moto aquática
Ainda de acordo com o texto do inquérito, o rapaz investigado conheceu a amiga da vítima em São Paulo. Ele declarou tê-la convidado e pagado para que ela o acompanhasse até Guarujá num fim de semana.
Já na cidade do litoral de SP ele pediu à mulher que chamasse uma amiga, e Juliana foi convidada. Ela aceitou a proposta e chegou à Marina no início da tarde de domingo.
O homem já tinha uma moto aquática própria, mas alugou uma segunda para as mulheres utilizarem. Ele alegou à polícia que a acompanhante que atropelou Juliana solicitou o aluguel de um veículo, enquanto a jovem disse que atitude partiu dele.
A bailarina ficou na garupa da amiga durante boa parte do passeio. Ela foi para a garupa do investigado já no fim da tarde e, pouco depois, a dupla foi atingida pela moto alugada onde estava a amiga.
Segundo uma testemunha ouvida pela corporação, a mulher fez uma manobra “muito perigosa” na frente de uma embarcação, que vinha em alta velocidade, desviando em um trajeto de “U”, e voltando na direção do restante do grupo. Ao sair da curva, ela colidiu com a outra moto aquática.
‘Muita irresponsabilidade’
Juliana Carvalho Nasser morreu durante suposto acidente entre motos aquáticas no litoral
Reprodução/Facebook
Ainda conforme o inquérito, o homem disse ter descoberto a morte no dia seguinte, quando já havia voltado para casa. Com a notícia, procurou assistência jurídica para se apresentar à Polícia Civil de Guarujá espontaneamente.
Questionado sobre a licença para pilotar, o homem disse não possuir, mas tinha prova agendada e havia realizado todas as aulas práticas e teóricas. Para Olavo, que não pôde ir ao enterro da filha por estar internado com dengue à época, o rapaz foi tão responsável quanto a outra condutora.
“Se você observar bem, todo acidente é resultado de um conjunto de fatores. Esse conjunto de fatores foi criado por esse rapaz aí. Ele criou toda essa situação com essas meninas, com essas moças. Muita irresponsabilidade”, opinou.
O pai da vítima disse que o homem nunca contatou os familiares de Juliana para dar explicações. “Ele abandonou a minha filha lá naquele estado e todo mundo socorreu ele […]. Na minha simples opinião, ele é tão responsável quanto a condutora”.
Segundo o delegado Antonio Sucupira Neto, titular da Delegacia de Polícia Sede de Guarujá, onde o caso é investigado, não há elementos para indiciar o rapaz por enquanto. A corporação aguarda os laudos restantes, do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal (IML), e ainda precisa ouvir os familiares de Juliana.
O g1 tentou contato com a defesa do investigado, mas não obteve um posicionamento até a última atualização da reportagem.
Relembre o caso
Grupo fazia passeio na Marina Tropical, em Guarujá (SP), quando ocorreu colisão entre motos aquáticas
Marina Tropical/Divulgação
O acidente aconteceu no fim da tarde de 10 de abril. A vítima estava em uma moto aquática, que saiu da Marina Tropical, e se chocou com outra. A mulher foi lançada ao mar após a batida e perdeu a consciência.
De acordo com o boletim de ocorrência, uma amiga disse que elas estavam na Praia do Iporanga antes de pegarem as motos aquáticas. A Marinha do Brasil informou que a colisão ocorreu na altura do Canal de Bertioga, que cruza Guarujá.
Após ser resgatada da água, a vítima foi levada na caçamba de uma caminhonete para um condomínio fechado dentro da Praia do Iporanga, onde uma médica de plantão a atendeu por volta das 18h e, após avaliação, orientou a condução ao Hospital Santo Amaro.
Em nota, o hospital informou que foram realizadas manobras de reanimação na jovem, que não respondeu e morreu na unidade.
A Capitania dos Portos de São Paulo enviou peritos ao local para apurar as causas e possíveis responsáveis pelo acidente. Já nesta terça-feira, a Polícia Civil informou que já identificou e deve intimar os envolvidos para o esclarecimento dos fatos.
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