TJ diz que 2ª votação da privatização da Sabesp na Câmara de SP segue suspensa porque relatório de impacto orçamentário não foi apresentado


Prefeitura de São Paulo enviou documento apenas para Câmara Municipal, e ele não foi incluído nos autos do processo. Caixas de tratamento de água da Sabesp no estado de São Paulo.
Divulgação/Sabesp
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que a segunda e última votação do projeto de lei que viabiliza a privatização da Sabesp na capital prevista para esta quinta-feira (2) segue suspensa, pois a Prefeitura de São Paulo ainda não enviou o relatório de impacto orçamentário.
O documento – de apenas quatro páginas – foi enviado pelo secretário da Casa Civil, Fabrício Cobra Arbex, apenas ao presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), na última sexta-feira (26).
No relatório, o secretário afirma que “a proposta legislativa não cria qualquer nova despesa ou implica qualquer renúncia de receita para o município”, pois a prefeitura não tem participação acionária na Sabesp.
Entretanto, segundo o TJ-SP, o documento não consta nos autos do processo e, por isso, a votação segue suspensa.
Questionada, a Prefeitura de São Paulo não se manifestou sobre o caso até a última atualização desta reportagem. Já a Câmara Municipal informou que a única pauta da sessão plenária, que começou às 15h, é justamente a votação da privatização da Sabesp.
Determinação judicial
Em 24 de de abril, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4ª Vara de Fazenda Pública da Justiça de São Paulo, determinou a suspensão da segunda votação até que fosse feito um laudo de impacto orçamentário.
“O estudo de impacto orçamentário deve ser apresentado para qualificar o debate e a participação das pessoas na discussão do projeto de lei, já que se um aumento súbito nas contas acontecer, quem sentirá mais será a população vulnerável”, disseram os defensores públicos que assinaram a manifestação deferida pela juíza.
Segundo os Núcleos Especializados de Defesa do Consumidor e de Habitação e Urbanismo, ainda não foi apresentado. A decisão também determina que todas as audiências públicas previstas sejam realizadas antes da segunda votação, o que, segundo a Câmara, já está previsto no trâmite.
De acordo com a manifestação da Defensoria Pública de São Paulo, o calendário divulgado propôs a realização de sete audiências públicas a serem realizadas entre os dias 15 de abril e 27 de abril de 2024, no entanto, no dia 16 de abril, entre a primeira e a segunda audiências públicas, foi noticiado que iria ocorrer a primeira de votação (primeira de duas) no dia 17 de abril. Portanto, no dia da segunda audiência pública também ocorreu a votação do PL, inviabilizando a participação pública.
Segundo o legislativo municipal, o texto deve passar por segunda votação em plenário depois do dia 27 de abril, quando acabam as audiências públicas.
Primeira votação
O projeto de lei foi aprovado em primeira votação na (17) pelo placar de 36 votos favoráveis e 18 contrários. A sessão ocorreu em meio a manifestações na galeria e discussão entre vereadores.
O texto aprovado contém mudanças na lei municipal para permitir que a capital mantenha o contrato de fornecimento com a empresa, mesmo depois da venda.
Vereadores que votaram a favor e contra a privatização da Sabesp nesta quarta-feira (17).
Divulgação/Rede Câmara
A votação foi marcada por provocações entre os parlamentares. Nas galerias, manifestantes em diversos momentos vaiaram vereadores favoráveis ao projeto, com gritos contra a privatização.
Milton Leite (União Brasil), presidente da Casa, pediu silêncio aos manifestantes e ameaçou acionar a GCM para retirar o grupo do local. Rubinho Alves (União Brasil), relator do projeto de lei, chegou a afirmar que estava faltando “bala de borracha” para os manifestantes (veja abaixo).
O projeto de lei que propôs a privatização da empresa pública foi aprovado pelos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em dezembro de 2023 e sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no mesmo mês.
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