Temperatura subiu 2°C na cidade de SP desde 1935, diz USP; dias de calorão se tornaram mais frequentes


Pesquisadores afirmam que município precisa se adaptar para oferecer condições mínimas de conforto à população. Pedestre se protege do calor na região central da cidade de São Paulo
BRUNO ESCOLASTICO/E.FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
A média das temperaturas máximas na capital paulista teve um crescimento de mais de 2°C nas últimas nove décadas, apontam dados coletados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) na estação meteorológica da instituição.
O levantamento foi realizado a pedido da TV Globo, que começou a exibir nesta quinta-feira (9) a série “Que tempo é esse?”, sobre o impacto das mudanças climáticas na região metropolitana de São Paulo.

* Dados contabilizados até o fim de abril deste ano.
Como reflexo do aquecimento, os dias de calor intenso se tornaram mais frequentes a cada década na capital.
Entre 1935 e 1944, a cidade registrou apenas quatro dias com temperaturas maiores que 35°C. Esse número saltou para 18 no período entre 2005 e 2014. E desde 2015, a estação meteorológica já marcou 51 dias de calorão.

“Estamos num processo de mudanças climáticas em escala global, então nós temos ondas de calor muito mais intensas, chuvas e eventos climáticos mais extremos e estamos sofrendo uma somatória de efeitos”, afirma Paulo Pellegrino, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Segundo o pesquisador, a capital precisa se adaptar para que seus habitantes tenham condições mínimas de conforto dentro do atual cenário climático da região.
O mesmo é defendido pela engenheira Denise Duarte, também docente da FAU/USP.
“O calor é uma emergência silenciosa. A gente enxerga chuvas pesadas, deslizamentos, movimentos de massa, enxurradas, mas a gente não enxerga o calor. E ele mata. Isso tem que ser olhado no ir e vir das pessoas, na rotina diária delas, principalmente daquelas que estão mais expostas e são mais vulneráveis”, diz a professora.
Para Duarte, algumas medidas que podem ser adotadas nesse sentido são a instalação de pontos de água potável em toda a cidade, para que a população possa se manter hidratada ao longo de seu deslocamento, e o provimento de áreas de sombra de boa qualidade, por meio de arborização e instalação de mobiliário urbano para que as pessoas se abriguem do sol forte.

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