Suspeitos de golpe milionário contra viúva de colecionador de arte são presos

Os presos são acusados de estelionato, extorsão, roubo, sequestro, cárcere privado e associação criminosa. A Polícia Civil realiza, nesta quinta-feira (9), uma operação para prender quatro acusados de dar um golpe milionário em Geneviève Boghici, viúva de Jean Boghici, que morreu em 2015 e era considerado um dos mais importantes marchands de arte no Brasil. Três pessoas foram presas e uma está foragida.
A ação é comandada por agentes da Polinter. Os presos são acusados de estelionato, extorsão, roubo, sequestro, cárcere privado e associação criminosa.
Os mandados de prisão são contra Diana Rosa Stanesco Vuletic, Jaqueline Stanesco, Gabriel Nicolau Hafliger e Slavko Vuletic.
Jaqueline e Gabriel Nicolau foram presos em casa. Slavko já cumpre prisão em regime semiaberto e foi notificado. Diana é considerada foragida.
Sabine Boghici, filha de Geneviève Boghici, apontada como uma das responsáveis pelo golpe contra a mãe, morreu em setembro do ano passado, depois de cair de um prédio na Zona Sul do Rio.
Sabine foi presa em 2022 e depois ganhou liberdade provisória. De acordo com a polícia, ela roubou 16 quadros, incluindo obras de Tarsila do Amaral e de Di Cavalcanti, do acervo do pai. Pelo menos duas obras foram vendidas por ela para colecionadores na Argentina.
De acordo com as investigações, a mãe de Sabine sofreu um prejuízo, estimado por ela própria, de R$ 725 milhões, entre pagamentos sob extorsão e quadros roubados.
O golpe
A Polícia Civil do RJ afirma que Sabine elaborou todo o plano, no início de 2020. O primeiro passo foi contratar uma mulher para abordar a mãe no meio da rua e alertá-la sobre uma morte iminente na família — no caso, a da própria filha.
Essa mulher, que se disse vidente, levou a idosa a outras duas comparsas, apresentadas como uma cartomante e uma mãe de santo, que confirmaram a previsão e sugeriram que ela pagasse por “um trabalho” para salvar a filha.
Assustada, a mãe contou tudo para a filha. Sabine, então, prosseguiu com o plano e fingiu ficar apavorada, suplicando para a mãe fazer o trabalho espiritual. A mãe obedeceu e fez, em um intervalo de 15 dias, pagamentos que totalizaram R$ 5 milhões.
Depois do início do “tratamento espiritual”, Sabine começou a isolar a mãe dentro de casa, dispensando funcionários e prestadores de serviços domésticos.
No início de fevereiro, contudo, a mãe de Sabine começou a perceber que a filha tinha relação com as ditas videntes e parou de fazer os repasses.
Sabine começou a agredir e ameaçar a própria mãe, que só então percebeu o plano.
Segundo a vítima, o prejuízo de R$ 725 milhões foi causado por:
Roubo de 16 quadros: R$ 709 milhões;
Roubo de joias: R$ 6 milhões;
Pagamento pelos “trabalhos espirituais”: R$ 5 milhões;
Transferências sob ameaça: R$ 4 milhões.
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