Populações quilombolas e indígenas são mais jovens que os demais brasileiros, revela censo do IBGE


Enquanto a média brasileira é de 43,7%, 50% da população quilombola têm até 30 anos. Os jovens também são maioria entre os indígenas: 57%. Populações quilombolas e indígenas são mais jovens que os demais brasileiros, revela censo do IBGE
Jornal Nacional/Reprodução
O censo do IBGE divulgado nesta sexta-feira (3) revelou que as populações quilombolas e indígenas são mais jovens que os demais brasileiros.
Dona Emília, de 95 anos, aprendeu uma cantiga na infância. É a história do Quilombo Boa Esperança, na cidade de Areal, no interior do Rio, um lugar que serviu de abrigo para quem lutou contra a escravidão e onde hoje moram mais de 120 famílias.
Pela primeira vez na história, o censo traçou o perfil da população quilombola no Brasil, com dados sobre sexo e idade.
“Isso é muito importante, porque a gente está trazendo um melhor aprofundamento da diversidade do nosso país, diversidade étnico social do nosso país”, afirma uma especialista do IBGE.
Mais de 1,33 milhão brasileiros se autodeclaram quilombolas e apenas 4,3% dos quilombolas moram em territórios oficialmente reconhecidos.
O Censo mostra também que a população quilombola é mais jovem do que a média brasileira: 50% têm até 30 anos, enquanto que, no Brasil como um todo, esse percentual é de 43,7%. Já a população com 60 anos ou mais é de 13%, abaixo da média nacional.
Na comunidade remanescente do Quilombo Boa Esperança, são os jovens que estão à frente da associação criada para discutir problemas, apontar e cobrar soluções. Com a chegada do Censo, a esperança é que os quilombos recebam mais políticas públicas de saúde, educação, emprego e renda.
“Éramos esquecidos no geral, então, a partir de agora, com o censo contabilizado direitinho, formalizado, as políticas públicas serão voltadas, direcionadas realmente para nós”, espera um jovem quilombola.
Os jovens também são maioria na população indígena. O censo mostrou que 57% têm até 30 anos.
“Esse aumento eu acredito que seja por isso, pelos mais velhos estejam incentivando os nossos jovens a lutar pelos direitos e territórios. São os nossos jovens que estão fazendo a frente hoje em dia, estão buscando conhecimento para estar aprimorando dentro do nosso território”, diz uma líder indígena.
Novos conhecimentos se unem às tradições ancestrais dos povos indígenas e quilombolas e ajudam na resistência.
“Às vezes, as pessoas falam: não é muito o que vocês têm. Mas para a gente é muito. É uma riqueza ter o nosso cantinho, o nosso território, onde a gente pode cuidar dos nossos filhos, cuidar da nossa família aqui dentro, e manter as tradições sempre”, conta uma mulher.
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