Cearense no Rio Grande do Sul relata momentos de desespero com enchentes: ‘Literalmente debaixo d’água’


Maria Najara de Almeida mora com a família em Canoas, um dos municípios atingidos pelas enchentes. Ela conta que perdeu todos os bens da família e pretende voltar a morar no Ceará. Cearense no Rio Grande do Sul relata momentos de desespero com enchentes.
“O que eu sei é que minha casa agora, nesse momento, está literalmente debaixo da água”, conta a cearense Maria Najara de Almeida, moradora do município de Canoas, um dos mais afetados pelos temporais que atingem o Rio Grande do Sul e que já deixaram mais de 80 mortos, de acordo com a Defesa Civil do estado.
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Natural de Quixeramobim, no sertão central cearense, Najara vive no Rio Grande do Sul há quase 10 anos com o marido, que é gaúcho. Ela estava em casa com o esposo e os quatro filhos na noite de sexta (3) para sábado (4) quando a água começou a invadir o bairro Mathias Velho, onde a família morava.
A situação deles não foi única. De acordo com a prefeitura de Canoas, cerca de 180 mil pessoas foram afetadas pelos temporais no município. No caso da casa de Najara, casa, móveis, carro e moto ficaram submersos. A família deixou o lar apenas com algumas bolsas.
“Em torno de meia noite, meia noite e meia, começou a água vir devagarinho”, relembra. “Quando a gente viu a água já chegando nas ruas próximas da nossa, a gente pegou algumas bolsas, pegou o que conseguiu, alguns cobertores, e fomos para uma rua um pouco mais alta, que era a da minha sogra. Fomos para lá, mas em questão de meia hora, 40 minutos, a água foi chegando lá também”.
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Quarto com 20 pessoas
Moradores são resgatados de enchente em Canoas, no Rio Grande do Sul
Reuters/Amanda Perobelli
Após a água chegar à casa da sogra, a família de Najara foi uma casa próxima, de dois pisos. Lá, na madrugada, dividiram um quarto com cerca de 20 pessoas, que procuravam abrigo em um local mais alto. A residência ficou sem energia e sem água encanada. E o nível da água continuava a subir.
Quando a água começou a invadir a casa de dois pisos, a família decidiu ir embora e procurar abrigo em outro local. “Foi crucial a gente ter saído no momento certo. Porque se a água tivesse subido ao segundo piso, não tinha mais como a gente sair. Adulto sabe nadar, mas como eu ia passar por ali com meus filhos?”, analisa.
Para deixar a casa, a família pôs os filhos mais novos, de 1 e 6 anos, nos ombros. Os mais velhos, de 14 e 19 anos, carregaram as bolsas. A água, conta Najara, estava na altura do peito. “Foi desesperador”, resume. Após alguns momentos, a família encontrou um grupo de barco nas ruas e foi resgatada. Eles foram levados para um abrigo de emergência montado em uma faculdade de Canoas.
Depois do abrigo, Najara e família foram para o município de Sapucaia do Sul, vizinho a Canoas, e ficaram na casa de parentes. A cidade, porém, está sem água potável e com escassez de alimentos. Por isso, eles irão se deslocar novamente, desta vez para um município do litoral, onde esperam estar longe e a salvo das enchentes.
Mudança para o Ceará
Casa ficou submersa na água em Canoas
Divulgação
Para ajudá-la, a família de Najara em Quixeramobim organizou uma campanha online de doação para enviar dinheiro a ela e, mais tarde, comprar passagens aéreas para que a cearense e os filhos possam vir para o Ceará.
O marido dela, por sua vez, pretende ficar mais tempo no Rio Grande do Sul para avaliar os estragos na casa e nos bens da família. Ele possuía uma pequena empresa de tele-entrega, mas com os danos causados pelos temporais e pelas enchentes, a família considera o negócio perdido.
O plano, agora, é reconstruir a vida no Ceará. “A gente tá voltando pela nossa vida”, completa. “Nosso projeto é começar nossa vida no Ceará do zero. A gente quer ir pra ficar”.
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