Bombeiro de SC relata resgate dramático de idosa em maca no RS: ‘Água devastou a cidade’

No Rio Grande do Sul desde domingo (5), o cabo Sérgio Gatner relatou a situação de Canoas, cidade na região metropolitana de Porto Alegre, e descreveu o resgate dramático de uma família que estava ilhada. Gatner faz parte do comboio de 39 bombeiros militares de Santa Catarina que socorrem as vítimas das enchentes que afetam o Estado.

Bombeiro de SC detalha resgate de idosa em Canoas, no RS

Bombeiro de SC detalha resgate de idosa em Canoas, no RS – Foto: Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND

Conforme o bombeiro militar, a força-tarefa do CBMSC está concentrada em Canoas, uma das cidades mais afetadas pelas enchentes e que ainda está submersa pela água.

“A água baixou uns 60cm, o que é pouco. Não tá baixando desde segunda feira, porque o Rio Guaíba não está baixando”, explica.

“A gente tá numa fase de retirada de vítimas que ainda não quiseram sair da residência e agora tão sem água e sem luz, passando necessidade, não tão tendo nem psicológico suficiente pra ficar dentro das residências.”

No entanto, o risco para as famílias que ainda estão isoladas em áreas alagadas do RS é o nível da água que as cerca, que transformou bairros inteiros em rio, cobriu telhados e alcançou até o segundo andar de prédios e casas.

Gatner lembra o resgate de uma família com quatro crianças entre 4 a 13 anos, duas idosas e dois adultos, que estava abrigada no terceiro andar de uma casa.

O bombeiro relata que o resgate foi marcado pela dificuldade de tirar as pessoas em segurança do local. Os bombeiros precisaram se equilibrar enquanto apoiavam no barco a escada que descia uma idosa em uma maca.

“A gente teve que resgatar eles com uma espécie de rapel e com a maca, mas o barco era a única base que a gente tinha então ficava balançando. Uma das senhoras foi tirada de maca pela janela e daí pela escada até o barco”, conta.


Bombeiros de SC resgataram família de oito pessoas isoladas no terceiro andar de uma casa - Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND

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Bombeiros de SC resgataram família de oito pessoas isoladas no terceiro andar de uma casa – Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND


Família foi resgatada pelos bombeiros militares de Santa Catarina - Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND

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Família foi resgatada pelos bombeiros militares de Santa Catarina – Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND


Força-tarefa do CBMSC atuam em Canoas, no RS - Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND

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Força-tarefa do CBMSC atuam em Canoas, no RS – Cabo Sério Gatner/CBMSC/Divulgação/ND

‘A água veio num turbilhão e devastou a cidade’, fala bombeiro de SC

O cabo saiu de Curitibanos, no Meio-Oeste de Santa Catarina, por volta das 17h de domingo (5) para se unir à força-tarefa que trocou com os bombeiros catarinenses que já atuavam no Rio Grande do Sul.

Desde 2011, Gatner é parte da força-tarefa do CBMSC que atua em desastres naturais. Segundo ele, enquanto as enchentes que marcaram Santa Catarina, especialmente o Vale do Itajaí, aconteceram gradativamente, a água invadiu as cidades do RS de maneira súbita.

“Em SC, as enchentes começam gradativamente, é anunciado pela Defesa Civil, tem um alerta, um trabalho de prevenção maior, porque acontece com mais frequência. Então não tem tanta dificuldade e resistência de tirar as pessoas de casa”, fala.

No entanto, segundo ele, as enchentes no RS atingiram pessoas que nunca haviam sofrido com esse tipo de desastre natural.

“A água veio num turbilhão e devastou a cidade em pouco tempo, por isso teve muitos mortos”, explica.

Ilhados no RS resistem a resgate por medo de furto em casas alagadas, conta bombeiro de SC

Desde que chegou em Canoas, a força-tarefa roda as ruas da cidade de barco e conversa com pessoas que ainda não saíram de suas casas. Boa parte delas, conta o bombeiro, não querem deixar seus lares por medo.

“Eles não querem sair porque tem medo de pessoas roubarem a residência. Aí a família já perdeu tudo que tinha e ainda vai um pessoal e rouba. Essa é um pouco da resistência das pessoas que estão alojadas no segundo piso”.

No entanto, aos poucos, essas pessoas que estão em partes de casa não atingidas pela água, estão sofrendo pela falta de mantimentos.

“Alguns barcos trabalham levando alimento, água e mantimentos, porque a água não baixa”, relata Gatner.

O problema agora é o frio, fala bombeiro

Conforme a Defesa Civil do RS, o número de mortos chegou a 107 nesta quinta-feira (9), e outras 134 pessoas seguem desaparecidas. O Governo do Estado estima que 1.742.969 pessoas foram afetadas; 68.519 estão em abrigos; 327.105 estão desalojados e 754 estão feridos.

O bombeiro catarinense relatou que as temperaturas estão baixando em função da frente fria que atinge o RS e contou que tipo de doações as pessoas estão necessitadas em abrigos.

“Agora, o problema aqui não tá sendo a chuva e sim, o frio. Tá esfriando bastante. Tem muita gente necessitada de colchões, cobertores, roupas de frio, não foi restabelecido a água, tá faltando bastante e alimentos não perecíveis”, conta.

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